A Índia geralmente causa um impacto intenso sobre aqueles que passam por ela, nos coloca num confronto de realidade muito grande. Porém, se você permitir, ela cativa, ensina, ama, acolhe e protege.
Retornei a India depois de um setênio, segundo a Teoria dos Setênios, passamos por uma transformação a cada sete anos e olhar novamente para a Índia depois desse tempo, com mais maturidade foi mergulhar num vasto e infinito oceano de amor abrangente.
Pela primeira vez me aventuro a levar um grupo, éramos em 11 pessoas, um grupo leve, tranquilo, isso facilitou muito todo o percurso do roteiro, que iniciou no norte da ÍNDIA em Delhi, passando por Agra, Varanasi, Jaipur, Fathepur, Amritsar, Dharamshala e finalizamos em Rishikesh, totalizando 15 dias, uma verdadeira viagem mística, passando por inúmeros templos, mosteiros e lugares de peregrinação hindu e budista.
Depois de finalizada a viagem foi o momento de fazer o meu retiro pessoal, fiquei mais alguns dias em Rishikesh, cidade situada ao norte do país e aos pés do Himalaia, conhecida como a capital mundial da yoga e considerada um dos lugares mais sagrados pelos hindus. Meus dias ali foram alimentados de muita sadhana (pratica) espiritual, silencio, cantos (bajhans) e conexões com pessoas muito muito especiais.
No inicio ao planejar a extensão da viagem pensava em ir para o sul da India, que ainda não conheço, mas tudo parecia me levar a ficar mais dias em Rishikesh, depois entendi tudo e vi como a vida é mágica quando a gente sai do controle e se permite viver o fluxo.
Estar ali por alguns dias e viver o Yoga na sua forma mais autentica e a que mais me aproxima desse caminho…o Yoga da devoção- Bhakti Yoga. Bhakti Yoga é em sânscrito- Yoga significa união, e algumas palavras e frases em português que poderiam servir como traduções para Bhakti incluem “Amor”, “Amor Devocional”, “Amor Universal” e “Amor Divino”.
Hoje em dia é um grande desafio aqui no Ocidente falar de devoção, de conexão com Deus e de comunhão com o Divino, quando a maior parte das pessoas está interessada em se conectar apenas com a matéria, fazer puro ásana, desprovido de qualquer intenção, desprovido até de consciência e bom senso.
A Índia nos mostra concretamente as dualidades da realidade aparente em que vivemos é isso tende “a se chocar”, causando uma sensação aparente de desordem ou mudança.
Na verdade, as mudanças ou “viradas de cabeça” que a Índia e a própria energia de Shiva provoca não é nada mais do que um “puxão para a Realidade”. E quando falo realidade, não falo da realidade ordinária, do dia-a-dia. Falo da Realidade da Consciência como sendo uma e tudo. Falo de um puxão ou um fluxo de energia que se cria no sentido de “movimentar as dualidades em nossa cara” e fazer com que surja a possibilidade de perceber o REAL, o essencial de tudo e em tudo.
E esse REAL é divino, é se perceber como divino, como amor.
Ali em meios aos cânticos devocionais dentro dos templos me veio um entendimento de que bhakti não é sobre buscar esse amor, mas derrubar as barreiras contra ele que construímos dentro de nós mesmos. Abrir a porta para a eternidade interior. Bhakti me acorda, quando começo a perceber que tudo reflete o Divino.
Bhakti é o que somos, não o que fazemos ou temos. Acordar para essa percepção é Bhakti Yoga, uma compreensão de que a Suprema Consciência é tudo, é perceber que tudo reflete o Divino. Com essa consciência, abandonamos qualquer sentimento de separação daquele poder onipresente, como o meu mestre Mooji que tive o prazer de estar esses dias na India, cheio de amor, alegria e uma curiosa mistura de diversão e autoridade diz:
Foi perguntado a Papaji uma vez:
Há algo além da consciência?
Surpreendentemente, ele disse:
“Amor. O amor está além de tudo”.
Eu descobri o amor como sendo sinônimo de consciência.
Eles são Um.
O amor é a unidade do Ser.
É o sagrado dentro do vazio.
É o Indescritível.
Você é Isso.
~ Mooji~
O amor é a intenção natural do Ser e não precisamos de um acontecimento especial para ser amoroso, simplesmente é.
Enxergo através das ilusões que tenho criado a respeito dos outros e de mim mesma. Tudo o que é passageiro e temporário sei que não sou. Essas coisas são reais, mas muito menos que a minha realidade.
Estar aqui, estar centrada e observando a atividade circular do movimento da vida, que muda, sobe, desce, flui e reflui ao redor do Ser, sem me apegar ou me identificar, sem ser puxada, sem ser sugada, tem sido minha pratica. Porem é somente quando nós realmente começamos a praticar que a lacuna entre a teoria e pratica fica visível. Como sempre, teorizar é fácil, a pratica é…desafiadora.
Volto da Índia não cheia de teorias mas firme e centrada na minha prática, na minha sadhana! E claro apaixonada pela Índia…ano que vem tem mais!!
AGUARDE!!! Em breve…YOGA ALIVE INDIA 2020!!