O CORPO DA DOR

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Uma das maneiras que sofremos e interrompemos o viver no momento presente é através da memória, principalmente da identificação inconsciente com algum evento passado que esteve carregado da emoção da dor: esse tipo de prisão é o que Eckhart Tolle, autor do aclamado “O Poder do Agora” (1999), chama de “corpo da dor” (pain body). Quer dar poder à inconsciência, e transformar a memória da dor, e o sentimento da dor emocional, em parte do que você é? Isso é horrível. E ainda assim várias pessoas estão tão identificadas com a dor emocional que elas sentem que elas não querem deixar passar. Elas sentem que isso é o que elas são, elas falam sobre isso e dizem até que ‘eu sou um sobrevivente’ disso ou daquilo. É maravilhoso que você tenha sobrevivido a essa coisa horrível que aconteceu na sua infância, mas criar uma identidade pra você a partir disso? Isso limita você enormemente. É uma limitação horrível. Pelo resto da sua vida você é um sobrevivente de um abuso físico? Você se transforma em algo muito pequeno e diz ‘essa é a minha identidade’. E o ressentimento ou a mágoa e a dor fica como uma forma-pensamento na sua cabeça que precisa ser revivida periodicamente, você precisa pensar naquilo que alguém fez contra você uma vez pra você sentir a emoção antiga correspondente. Então algumas pessoas se identificam tanto com algumas formas-pensamento antigas, velhas, e essa forma-pensamento nela mesmo tem um ‘eu’, ‘eu sou aquele pensamento’, ‘eu sou aquela dor’, ‘eu sou aquela mágoa, aquele ressentimento’. E aquele ressentimento é uma parte essencial do ego. Então alguns egos não consistem de várias coisas diferentes com as quais se identificam, alguns egos são 80% de um pedaço de memória ou emoção, uma grande mágoa que se apegou à sua mente, que ficou presa na sua mente e quer ficar lá pro resto da sua vida. Como as dores da vida começam a ser vividas desde quando começamos a viver, e na infância já começam a ser manipuladas, assim, quanto menos forem enfrentadas, mais o corpo de dor cresce e persiste. Eckhart diz que “as sobras de dor deixadas para trás a cada forte emoção negativa que não é enfrentada, aceita e depois abandonada de forma plena, juntam-se formando um campo energético que vive em cada uma das células do corpo. Elas incluem não só os sofrimentos da infância como as emoções dolorosas que se agregam a eles depois, na adolescência e durante a vida adulta”. O corpo de dor se torna, assim, uma entidade semi-autônoma, na definição do autor, e se alimenta de infelicidade. Ele ainda acrescenta “Toda emoção negativa que não é plenamente enfrentada nem considerada pelo que ela é no momento em que se manifesta não se dissipa por inteiro. Deixa atrás de si um traço remanescente de dor.” Esse é um assunto enorme, que envolve praticamente todas as formas de terapia e também, direta ou indiretamente, as sabedorias espirituais de todas as origens. Conhecer a si mesmo envolve, afinal, saber também quem e o que não somos. fonte:http://dharmalog.com


Categorias: Saúde

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