Dia dos Namorados – Amar de Verdade

dia dos namorados

Na Índia Antiga o uso de cosméticos tinha como objetivo trazer a tona a beleza interna, como uma linda pintura numa tela. Não era considerado maquiagem. Não se maquiava o que não se possuía, realçava-se o que já tinha. Todos temos uma mascara porque não queremos que os outros nos conheçam completamente.

Embora reclamamos de não sermos compreendidos, nós não nos revelamos realmente.

A mente humana é complexa em suas bases e simples em suas manifestações.

Poderíamos imaginar a personalidade humana dividida em camadas mais rasas e outras mais densas e profundas.

O amor é a camada mais profunda do psiquismo humano. É aquela necessidade de contato, toque e cuidados que a criança experimenta. A vontade básica é de ser acolhida e aconchegada de maneira exclusiva, abundante e ininterrupta.

Mas a vida segue cheia de frustrações e esperas. Aquele bebê nem sempre é atendido. Surgem as primeiras feridas emocionais acompanhadas de um sentimento de rejeição e dor.

Como camada final surgem as múltiplas estratégias defensivas que se compõe no relacionamento com o mundo externo. Cada um vai escolher a máscara que mais se sente hábil para proteger todas aquelas camadas anteriores.

Com o tempo fui chegando à nítida sensação de que as pessoas tristes, temerosas, raivosas ou as mais artificiais tem um desejo profundo de reconhecimento e amor por trás de sua aparente força ou fragilidade.

Neste dia dos namorados, vemos tantos casais felizes nas redes sociais, queremos apresentar nossas mascaras satisfeitas ao mundo, mas quem realmente se dedica a esse compromisso onde o indivíduo despe-se completamente. O namoro, o casamento é a fusão de dois egos. Mais do que viver a dois, do que dormir juntos, do que conhecer segredos, intimidade é se mostrar para o outro como realmente somos, sem medo, sem culpa, sem máscaras e sem julgamentos. Se tornar íntimo de alguém, parte do princípio de que conhecemos nossa luz e nossa sombra, aceitamos e acolhemos nossas vulnerabilidades mais profundas e, ainda assim, nos abrimos cheias de coragem e com muito amor.

Relacionar-se é aceitar o outro como ele é. Estar junto, significa peregrinar em direção a um objetivo comum. Se há um objetivo sagrado somos peregrinos, senão somos nômades, viajantes perdidos sem lugar pra ir. Encontrar alguém que esteja disposto a essa aventura, em que ambos estejam em “TAVA CITTAM ANUCITTAM BHAVATU”– com os pensamentos em harmonia, realmente é um desafio. Duas pessoas com dois interesses diferentes entendem um ao outro, isso é Anucitta. Infelizmente atuamos um uma sociedade onde existe a dificuldade em perceber o outro, a necessidade em atender o próprio ego faz com que não enxergue, não ouça e não dê muito espaço para o outro existir na relação. E quando o outro é percebido, ele deve se adequar dentro dos meus padrões, fica uma constante necessidade de mudar o outro. Fazer o outro perder a identidade não é relacionamento e muito menos amor.

Swamiji, explica que o amor por si mesmo se expressa como amor pelo namorado (a), esposo (a), é por causa de si mesmo e não pelo outro. Você ama o outro porque ele evoca o ser satisfeito em você. No momento que o objeto deixa de despertar a pessoa satisfeita, o amor desaparece e o desgosto ou a indiferença manifesta-se.

Neste dia dos namorados, acredito que o importante é focar em sentir ser o que somos como casal e o que desejamos ser em sua mais genuína verdade e integralidade. Não precisa definir, precisa sentir saber quem somos. Não buscar rótulos, não padronizar, não se encaixar em nenhuma categoria, apenas sentir a nossa essência e focar em ser.

Afinal, quando inteiros e repletos, quando sentimos mais que pensamos, quando realmente amamos é quando ousamos estampar a alma nua no corpo, sem máscaras.

Feliz dia dos namorados.


Categorias: Blog, Filosofia, Saúde

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