Entre dois amores

entre dois amores

Ontem assiste um filme belíssimo, um épico de longa duração, ENTRE DOIS AMORES (1985) de Sydney Pollack. O filme capta com precisão a experiência de duas pessoas que se apaixonam lentamente, vivem uma imensa paixão, mas jamais conseguem compreender a natureza um do outro. Lindamente fotografado e dirigido num ritmo lento, como se estivesse lendo um livro, com lindas paisagens e uma bela história de amor. Um filme sensível, poético e inegavelmente belo.

Ele me inspirou numa reflexão sutil sobre amor, liberdade,  perdas, sobre o ter e o ser no contraponto do luxo dos britânicos à miséria dos africanos,  sobre a solidão e a incrível força feminina num ambiente tão selvagem, masculino e hostil.

Me identifiquei muito em um momento da minha vida no papel da personagem querendo viver um encantamento romântico, ela queria um casamento oficial, ao passo que ele (o personagem Denys) deseja “apenas” ser feliz com ela, sem assinar papel e se prender às responsabilidades. Uma das frases que mais me marcou ao assistir o filme, foi a que ele diz pra ela…“Eu viveria a vida inteira com alguém. Um dia de cada vez.”

Um filme que se passa na Africa e mostra o respeito a cultura dos nativos africanos, mostrando sua resistência aos costumes ingleses e o sentido de liberdade existente nas tribos da região, notável quando Denys diz que eles não pensam no futuro, vivem somente o presente. Uma lição de filosofia Yogi!

De um lado o sentimento de posse cultivado pela personagem interpretado pela linda Meryl Streep e por outro lado ele que não entende que as pessoas pertençam a alguém. Em sua visão, todos são livres. Um jeito de amar sem posse, sem amarras…entendendo que eu sou livre pois sei aquilo que sou, não quero nada que me afaste desse entendimento, estou com você pois essa relação evoca em mim o ser satisfeito e pleno que sou, se não tenho esse entendimento, crio a noção equivocada que para ser feliz preciso do outro ou de algo material, externo, cria-se dependência, um amor que parte da ignorância, da imaturidade, isso pra mim não é amor. As vezes acho que idealizo um amor que para muitos pode parecer irreal, busco cultivar em mim um amor divino, um amor que nasce primeiro em mim por saber aquilo que sou, por reconhecer minha verdadeira natureza, um ser divino, pleno e satisfeito. Dedico todos os dias minha sadhana (pratica) a esse entendimento, a esse propósito.

No filme mostra um casamento de fachada que é nutrido pela total insegurança da personagem, revelando ai a total desconexao da personagem com sua verdadeira identidade. Numa discussão entre o casal, a respeito do casamento e do compromisso que ele traz, mostra a filosofia do aventureiro em oposição à necessidade dela de sentir que o possui. Ela nunca o teve da forma que queria, mas sempre teve o seu amor e carinho. O problema é que ela gostava de se sentir segura, como se um papel de casamento fosse garantir que ele era dela. Ele era dela de fato, mas porque queria, e não porque um papel o obrigava. Só que ela não entendia desta forma.

Apesar de tantas frustrações por não ter da forma como ela quer a personagem vai amadurecendo ao longo do enredo e se transforma numa mulher forte, valente e sozinha, entendendo a condição básica do ser que é ter o coração pleno, livre, que é livrar-se do desejo de possuir e se vê numa profunda transformação da sua visão do que significa “existir”. Afinal o ser está em tudo, sustenta tudo e está inerente a tudo. O conhecimento do ser nos liberta do sentimento de insignificância, de carencia, nos liberta de medos e bloqueios que levam a rupturas e a uma vida baseada em relações conflituosas e de sofrimento.

O auto conhecimento nos leva a uma caminhada em direção a si mesmo, uma reflexão interna que causa um impacto na nossa vida pessoal e também na ordem universal pois revela uma forma clara e profunda de nós mesmos, uma  descoberta interior dos sentidos e formas de amar, e a partir desse reconhecimento de quem eu sou, posso tornar meus relacionamentos mais amorosos, saudáveis e construtivos.

O amor revela-se como a maior fonte de liberdade, capaz de transformar nossas vidas e tornar o mundo melhor. Mas para amar o outro, preciso ter a capacidade de estar comigo mesmo como pessoa, acomodar essa pessoa que eu sou exatamente como eu sou. Para mim isso é meditar em si mesmo, meditar no meu eu interior, me dedicar a meu eu superior, não há nada mais purificador e transformador do que essa descoberta.
NAMASTE


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